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20 de outubro de 2012

Finalizando Curso de Equivalência para Enfermeiros


Olá a todos.

Uma ótima novidade: ontem conclui uma etapa importante da lista de exigências para a entrada em minha ordem profissional que foi a finalização do curso de integração para enfermeiros (do qual falei aqui ).
Ao longo de 7 meses tive uma revisão das principais disciplinas e práticas relacionados ao cotidiano da enfermagem no Québec. Os assuntos variaram desde as bases legais do exercício profissional, passando pela caracterização do sistema de saúde e indo até a etapa das experiências variadas nos estágios obrigatórios.

O curso de integração faz pensar mais profundamente algumas questões associadas à adaptação dos imigrantes ao mercado de trabalho e à sociedade quebequense como um todo. Não tenho pretensão de fazer um retrato fiel e aplicável aos demais profissionais que possuem suas respectivas ordens, mas no caso dos enfermeiros durante o curso, muitos se depararam com a situação aparentemente incoerente de "há enorme escassez de enfermeiros, mas a Ordem faz de tudo para complicar nossa possibilidade de trabalhar". Para entender esse pensamento ressalto três pontos importantes: em primeiro, a função da Ordem é de proteger o público (os pacientes) e para isso ela fiscaliza e orienta as ações dos enfermeiros para que sejam competentes e seguras, não importando se o profissional é formado no QC ou no exterior. Em segundo, a divisão de trabalho na enfermagem no QC é diferente do modelo que conhecemos no Brasil, no qual o enfermeiro tem funções assistenciais mais limitadas (em razão da enorme carga de trabalho administrativo e da supervisão do restante da equipe), e aqui o trabalho do enfermeiro é praticamente assistencial e os auxiliares de enfermagem fazem parte de uma outra Ordem. Em terceiro ponto vem o fato do grupo de enfermeiros imigrantes ser uma miscelânea de etnias, línguas e culturas profissionais. Por exemplo, há locais no planeta onde os enfermeiros só administram a medicação prescrita e nem mesmo tem o direito de se dirigir ao médicos pois é falta de respeito. Em outros, há imensa influência da religião no modo como cuidam dos pacientes. E de repente, todos se vêem juntos fazendo um curso de integração ao modelo quebequense (vale lembrar que cada província gerencia o sistema de saúde de modo independente) no qual o enfermeiro é um ser autônomo, crítico, igualitário ao médico e demais profissionais de saúde dentro da rede de serviços e tem uma enorme boa reputação perante o público em geral.

Esses elementos todos associados às bagagens pessoais e familiares dos alunos faziam com que as vezes algumas dificuldades nos estágios se traduzissem em pensamentos comuns a todos: imigrar e (re)começar não é fácil; tem que se ter muita força de vontade, e o principal deles "a Ordem dificulta demais a vida dos enfermeiros estrangeiros", o que eu particularmente discordo. E por quê?
Porque a função do curso de integração é apresentar o sistema de saúde do QC aos alunos, prepará-los para o exame da Ordem e colocá-los num patamar mínimo de integração profissional para que consigam trabalhar de modo autônomo e seguro após o término do curso. E é justamente em função desses objetivos não atingidos que os alunos reprovam do curso. Minha turma começou com 35 alunos e terminou com 19. As principais causas de reprovação remontam às dificuldades em demonstrar um bom raciocínio clínico e de oferecer uma assistência segura e livre de erros.

É inevitável a reflexão após o fim do curso sobre os pontos positivos e negativos:
Os vários pontos positivos: qualidade dos professores e organização do Cégep; dois hospitais de estágio com serviços variados; troca de experiências entre alunos de realidades distintas. Do ponto de vista pessoal,  consegui retornar ao ambiente hospitalar depois de alguns anos de trabalho em saúde pública de um modo menos "traumático" que imaginava e ainda gostei. rs
Os aspectos negativos: distância (relativa) do Cégep, cujas aulas e laboratórios se dividem entre os campi em Longueuil e Saint-Hubert; duração mais longa se comparado aos outros Cégeps e com maior carga horária de sala de aula, com cerca de 8h/dia. E o mais sofrido é quando pessoas queridas reprovam e perde-se a companhia delas.

Uma vez acabado o curso de integração começa:
a) Etapa dos envios de CV e entrevistas de emprego para CEPI (Candidate à l'exercice de la profission d'infirmier), que é uma permissão de enfermeiro com restrições, pois não pode atuar em alguns setores nem realizar algumas atividades mais complexas.
b) Estudar para a prova da Ordem no mês de março/2013, a qual uma vez aprovada, recebo minha permissão definitiva de enfermeiro.

Agradeço ao apoio e pensamentos positivos de amigos (reais e virtuais) ao longo do caminho e a enorme paciência do Jhon, e relembro que valeu a pena cada esforço!

Info sobre CEPI  e sobre a prova da Ordem.

Marcos.


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