9 de março de 2012

Iniciando o Curso de Integração

E eis que comecei nesta semana o curso de integração para enfermeiros diplomados fora do Québec.
Como já descrevi aqui em outras ocasiões, trata-se da etapa 2 de 3 para obter o registro de enfermeiro no QC. A etapa 1 foi a equivalência de diploma e avaliação do dossiê pela Ordem; a 2 é o presente curso e a última delas é uma prova teórico-prática para ser registrado na Ordem.

O Curso:
É um curso em tempo integral composto de 6 disciplinas (teóricas, laboratórios e estágios inclusos), com duração de 710 horas no total. Esse é o cronograma do curso chamado “tronco comum”, pois há enfermeiros que necessitam cumprir disciplinas adicionais determinadas pela Ordem, como saúde mental ou geriatria, que podem prolongar o curso até 2013. Eu farei somente o tronco comum, com término no fim de outubro.
Para os que se interessarem, as disciplinas são: i) Atualização em informática, ii) Contextualização da prática de enfermagem no QC; iii) Introdução à enfermagem; iv) Enfermagem Médico-cirúrgica I; v) Enf. médico-cirúrgica II; vi) Francês técnico para profissionais de saúde.

O Cégep:
Farei o curso no Collège Édouard-Montpetit, em Longueuil, um dos três na região de Montréal que oferecem o curso. As aulas e laboratórios se concentrarão no campus em Saint Hubert, logo, vou relembrar meus velhos tempos de faculdade onde tinha que madrugar para as aulas da manhã...
Gosto bastante deste Cégep (já havia feito um curso de francês lá no ano passado), considerando sua infra-estrutura e professores, mesmo sem ter parâmetros de comparação com os demais colégios de Montréal.

A Turma:
É um grupo de 30 enfermeiros, mas também irão participar das aulas e estágios um pequeno grupo de enfermeiros quebequenses que estão em curso de atualização. Um deles me explicou da exigência do curso: é uma imposição da Ordem para os enfermeiros que ficaram mais de quatro anos fora dos registros dela ou que não trabalharam um mínimo de 500 horas nos últimos quatro anos.
Para as aulas práticas e laboratórios os alunos foram divididos em grupos A e B.
No meu grupo estão enfermeiras vindas do Haiti (maior número, em 6), Marrocos, Algéria (o outro enfermeiro do grupo), Venezuela e Romênia. No outro grupo estão quatro enfermeiras brasileiras que conheci durante uma sessão de acolhimento na quarta-feira.

A Semana inaugural:
Esta semana tivemos a atualização de informática (quatro dias). As aulas se destinavam a fornecer conceitos básicos sobre uso do sistema de comunicação professor-aluno do colégio, por meio do qual são disponibilizados documentos e notas. E também dar noções básicas (mesmo!) de uso do Word, como criação de pastas, arquivos e modelos. Para evitar o tédio, fiquei observando (e ajudando, quando possível) minhas colegas de bancada, que começaram a travar uma batalha contra o mouse...
Esses episódios de grandes dificuldades com o computador me fizeram pensar um pouco sobre as diferenças entre as formações e sobre o jeito que enxergamos nossas próprias capacidades e limites. Sem filosofar, percebi que as diferenças podem ser enormes entre as formações profissionais, mas que o importante é como lidamos com elas. Houve uma enfermeira que se entediou tanto que abriu o bate-papo do Yahoo para passar o tempo. Eu preferi exercitar minha paciência e tentar entender que o momento de aprendizado de cada um não é uniforme. Até mesmo porque em outras situações, como as de comunicação com o paciente, por exemplo, as francófonas podem ficar impacientes com meus tropeços na língua. Aprendi a duras penas que na vida as diferenças somam, tornam o cotidiano mais rico, especialmente porque sem diferenças de pensamentos não há mudança, não há crítica.
Um outro ponto interessante da semana, e me perdoem os que acharem isso inevitavelmente sem sentido, foi que o colégio nos disponibiliza um “sistema de crédito de impressão”, no qual posso comprar créditos e utiliza-los para imprimir nos laboratórios de informática (um documento em preto e branco, por exemplo, custa 5 centavos a página). Achei interessante pela responsabilidade social, do tipo “saber quanto custa aquilo que se está fazendo uso”, pois como estudei em faculdade pública, estava acostumado a ver justamente o inverso - alguns colegas apenas apertavam o OK e nem queriam saber quem pagaria a conta...
E uma última observação da primeira semana: como é cansativo ouvir, ler, falar e, sobretudo, pensar em outra língua o dia todo enquanto não se está acostumado. Eu chegava todos os dias em casa com dor de cabeça. Ainda bem que lá estava o Jhon, sempre disposto a ouvir minhas histórias intermináveis.

Bom, agora é tempo de estudar bastante, pois o curso exige e sobrecarrega. Mas chego lá!

Abraços a todos.

4 comentários:

Com certeza chegará!!!Ótimo ano letivo pra vc! Boa sorte!

Abraços!

Muito bom seu relato. Devorei cada informação, pois sei que será em breve minha rotina. Acho que chegaremos em junho e vamos alugar um apt em Saint Lambert.
Continue postando suas batalhas, pois são de todas nós , enfermeiras, que estamos no processo. Abçs...

É isso aí, Marcos!

Realmente não deve ser fácil tantas horas de aula em outra língua, mesmo sendo com algo que você já conhece. Acho que tem uma hora que parece que nosso processamento vai pifar, com tanta demanda, não é?

Lembro que Gabriel falava disso. Ele sentia que falava bem pela manhã, mas à noite a língua travava e ele tinha dificuldade em falar o francês. Tem dias que acontece isso comigo e lembro na hora.

Mas a gente não recebe uma carga maior do que podemos carregar, então vamos nessa!

Desejo muita força para você e Jhon, e o que precisar e eu puder ajudar, tamos aí!

Abração!!!

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