Oh Canadá!

Blog criado para informar familiares e amigos sobre nossas aventuras e desventuras em terras canadenses

Viagem de Prospecção - Toronto

O início da nossa viagem para ver se as histórias faziam jus ao real

Viagem de Prospecção - Ottawa/Gatineau

A nossa viagem chega na capital canadense e na divida com a Belle Province.

Viagem de Prospecção - Ville du Québec

Visitando a lindíssima Ville du Québec.

Viagem de Prospecção - Montréal

O final da nossa viagem nos levou à Montréal

25 de maio de 2013

Fim da Saga de Equivalência Profissional


Olá a todos.
Faz um tempo que não apareço por aqui em função do dia a dia agitado de trabalho. Mas boas coisas aconteceram desde o início do ano.
Em 16 e 17 de março fiz o terrível exame da Ordem dos Enfermeiros. No dia 16 foram as situações práticas, nas quais o candidato tem 10 minutos pra intervir sobre um determinado problema. As situações variam desde como ensinar os sinais de hipoglicêmia a um portador de diabetes ou intervir junto a uma pessoa com risco de suicídio. Ao fim do post, coloco a lista de situações para se ter uma idéia. O mais difícil desse momento é controlar a ansiedade e estresse, pois em cada cenário (consultório) existe uma avaliadora da Ordem e atores simulando pacientes reais e os 10 minutos passam voando...
No dia 17 de março foi a prova escrita, com 105 questões divididas em pouco mais de quatro horas de prova... sufoco! Ao final do fim de semana de provas, todos querem conversar sobre as questões, o desempenho e as dificuldades. É esta a hora mais difícil, pois aí começam as dúvidas "nossa, esqueci de fazer isso; esqueci aquilo; ih, acho que errei".
Tentei deixar de lado essa tortura psicológica até porque o resultado só sairia dali a dois meses!
E não é que no dia 06 de maio de manhã, tenho uma ligação de um amigo dizendo que havia recebido a carta com o resultado da prova... Aí a tensão voltou ao nível máximo: corri pra caixa do correio, mas lembrei que neste trecho da rua onde moro, o carteiro só passa no finzinho do dia... Dá-lhe maracujina!
Mas, no fim da tarde, lá está ela, com o resultado "réussite". Foram várias sensações misturadas, mas sem dúvida a maior delas foi a felicidade da conquista suada e de encerrar esta (longa) etapa de adaptação. Sem dúvida, sensação de dever cumprido. O único senão é quando soube de reprovações de algumas pessoas próximas e queridas, mas são as regras do jogo, infelizmente.

Mas, ok, e agora, o que muda?
A partir da aprovação me torno enfermeiro membro da Ordem, lembrando que antes eu era "candidato ao título de enfermeiro" e posso exercer todas as atividades legais sem restrições. Como os salários são escalonados em função dos anos de experiência e do título profissional terei um reajuste no meu valor atual  e posso participar de processos de seleção interna do hospital, por exemplo.

Tenho que agradecer às várias pessoas, que de longe ou perto, contribuíram para minha saúde mental nesse período de estresse enorme me enviando orações, abraços e boas energias. Sempre acreditei que sozinho a gente conquista, mas juntos nós construímos...

Obrigado e abraços a todos.
Marcos

Resumo de Situações Práticas:
Caso1: jovem internado por primeiro episódio de esquizofrenia. História de ruptura amorosa recente, tem boa relação com uma irmã e é hora da refeição e você tem que convencê-lo a comer.
2) Senhora com diabetes tipo 2 que é levada ao hospital depois de um desmaio em casa. Historia de não uso adequado de medicações orais; fazer ensinamentos dos remédios e alimentação.
3) Bebê de 2 meses internado por febre. Explicar à mãe ansiosa sobre antibióticos, coleta de exames de sangue e urina.
4) Senhora com dor crônica em consulta em clínica externa que quer se suicidar naquele dia.
5) Senhor em quinto dia de internação pós-AVC que tem que começar a comer. Um preposé está lá e você tem que orienta-lo, explicar e corrigir suas ações, bem como avaliar o paciente.
6) Senhor em pós-operatório de PTG (prótese de joelho) com antecedentes de insuficiência cardíaca e que apresenta dificuldade para respirar.
7) Senhor em pós-operatório de enxerto aorto-femoral que apresenta dor em baixo ventre, mas diz que urinou há pouco. Verificar globo vesical e fazer cateterismo.
8) Bebê RN (um boneco assustador, no meu caso) que precisava tomar vitamina K. Realizar preparação da injeção, orientar a mãe e aplicar.
9) Senhora em pós-operatório de PTH (prótese de quadril) que tinha uma ferida no calcanhar. Avaliar a ferida e intervir nos fatores de risco de feridas.
10) Senhora internada por quedas frequentes. Avaliar o risco de quedas, a infecção urinária e avisar médico.
11) Senhor em clínica externa para retirada de pontos de sutura apresenta dor no peito/estômago/pescoço . Avaliar e intervir (avisar médico e esposa - no meu caso)
12) Senhora internada por hipocalémia, apresentou confusão durante à noite e foi contencionada. Avaliar causas da confusão, seu estado atual e dizer se continua ou não em contenção.
13) Senhora internada precisa ser colocada em isolamento por gastroenterite. Pede que explique os cuidados e lavagem de mãos.
14) Uma jovem que mora com namorado tem história de violência conjugal. Avaliar rede de apoio e intervir.
15) Senhora com hemorragia digestiva alta, com hemoglobina baixa, tubo nasogástico, sonda vesical e oxigênio. Tinha 5!!! folhas pra ler só de orientações e medicações, avaliar a paciente e ajustar PTI (plano de intervenções de enfermagem).
16) Paciente em segundo dia pós-ponte de safena apresenta diaforese e alucinações. Antecedentes de consumo de álcool "social". Avaliar.

2 de janeiro de 2013

E para 2013 ?


Olá Pessoas!

Não sou fã de posts de final de ano com desejos e vontades sobre como será 2013. Goste de lê-los mas não de escrevê-los, pois acho que muitas vezes nos forçamos sempre a olhar pro futuro e acabamos pisando sobre coisas importantes.

Nesse finalzinho de ano o inverno chegou nos saudando com seu frio característico e tempestade de neve com acumulação recorde. Como estava de férias, fiquei grande parte dos meus dias hibernando, assistindo séries, filmes e reportagens.

Em um desses dias eu assisti uma reportagem sobre Michael Jackson, onde explicavam que embora Thriller tenha sido o grande fenômeno que foi,  fazendo com que todos dançassem como ele e ouvissem suas músicas, Michael nunca entendeu o sucesso que ele era, se sentindo na obrigação de ser melhor do que antes e, segundo o documentário, morrendo infeliz por  não perceber que o momento já tinha passado .

Isso realmente me fez pensar na grande capacidade que temos de continuar seguindo em frente sem fechar ciclos. E por fechar ciclos eu quero dizer saber quando momentos e projetos terminaram, ter noção dos acertos e erros, sabendo que os próximos projetos e momentos não podem ser comparados pois são completamente independentes.

Talvez seja realmente difícil dar valor para o que conseguimos ao longo do caminho, por não termos atingido as metas que queríamos, ou porque o vazio ainda persiste mesmo chegando no objetivo buscado.

Acompanhando listas, fóruns e blogs de pessoas que pretendem imigrar, que estão no processo ou que já chegaram, lembro de toda nossa etapa para chegarmos onde estamos agora, mesmo que ainda tenhamos inúmeros sonhos para serem vividos, agrupa tantos ganhos que merecem ser comemorados e não esquecidos.

Não quero dizer que devemos nos acomodar, ou que é errado querer melhorar constantemente (e quando falo “melhorar” já está subentendida uma comparação), mas existindo tantas cobranças externas para sempre sermos ricos, felizes, donos de casa e cachorro, seria tão bom se conseguíssemos não nos cobrar tanto para vivermos sempre no topo do mundo.

É, acho que encontrei o meu desejo para 2013, que eu consiga fechar meus ciclos, colher meus ganhos e perceber que não preciso viver no extremo o tempo todo para ser feliz.

É isso, feliz 2013 pessoal.

10 de dezembro de 2012

Les Accommodements Raisonnables



Olá pessoas,

Cada sociedade possui seus problemas não comparáveis, pois são possíveis somente para aquela realidade. E aqui no Québec não teria como ser diferente, porém eu ainda não consigo me conectar com muitos dos dramas daqui e outros ainda me parecem um pouco surreais.

No entanto, eu gosto de me informar todo tempo para tentar me aproximar dessa realidade, pois acredito que isso também significa “integração”. Ainda que encontre inúmeras pessoas aqui há mais de 5 anos que acham penosa e complicada essa busca por referências sociais em jornais, revistas, documentários ou mesmo na simples conversa com os outros.

Conversando com algumas pessoas sobre imigração, cultura e tradição, percebi que muitos não conheciam ou nunca tinham ouvido falar sobre “Accommodement Raisonnable” e por isso achavam tão difícil entender o que os Québecas achavam de tudo isso.

“Accommodement Raisonnable” é uma palavra criada no Québec e define toda tentativa das sociedades laicas de diminuir o choque entre a cultura  do imigrante e a cultura do local que o recebe, fazendo concessões para melhor integrar as exigencias das diferentes minorias religiosas. Ou seja o governo, em teoria, mudaria diversas leis e costumes para não chocar o imigrante recém chegado.
Vocês sabem da completa suspeita que os Quebécas tem contra as religiões, logo esse tema já foi criado gerando alguma confusão.

Em 2006 o Québec passava por uma grande efervescência relacionada com esse tema, por diversos motivos, alguns dos que eu consegui pescar são:
                - Uma escola judaica pediu que uma academia em frente fechasse suas janelas com cortinas, pois as mulheres fazendo exercício com pouca roupa atentava contra seus preceitos religiosos;
                - Homens vindos de países machistas não respeitavam mulheres policiais;
                - Homens de turbante dirigiam moto sem capacete pois o mesmo não caberia dentro dele. E retirá-lo seria contra sua religião;
                - Mulheres queriam usar as piscinas públicas, mas para isso precisava da retirada de todos os homens. Pois segundo a religião que elas praticam, mulheres não podem mostrar o corpo pra homens desconhecidos;
                - Pais prendiam os filhos em casa ou praticavam atos crueis em nome da honra.

Na maior parte desses casos, o governo deu razão para os reclamantes, pois por causa do Accommodement Raisonnable, pedir pra alguém mudar sua religião seria encarado como preconceito contra o imigrante e sua cultura.

Após inumeros casos como esse, várias cidades do Québec queriam que o primeiro ministro anulasse os “Accommodements Religieux”. Sem nenhuma resposta do Jean Charest, uma minúscula cidade chamada Hérouxville criou seu próprio código de conduta para “proteger” seus habitantes. Nesse código estavam diversas normas falando da igualdade entre os sexos, que os açougues venderiam carne de porco junto com a de boi, que não se pode lapidar as mulheres e etc. Embora essas normas não sejam tão loucas assim, a idéia de que todas as cidades criariam seus próprios códigos de vida assustou o governo que resolveu criar uma comissão Bouchard, onde um sociólogo chamado Gérard Bouchard (irmão do ex-primeiro ministro) e um filósofo Charles Taylor iriam analisar tudo o que acontecia para ver quais seriam os próximos passos.
Após mais de 1 ano a comissão gerou um relatório dizendo o que poderia ser feito para que a confusão terminasse, mais ao mesmo tempo salientando que a confusão só aconteceu por causa do duplo-status Québeca de a maior comunidade dentro do Québec mas a menor da américa do norte, que gerava um sentimento de inferioridade, pois eles tem medo de serem absorvidos em meio de todas as minorias que imigram.
O relatório foi deixado de lado e não foi implementado e por isso ainda hoje temos inúmeras discussões referentes à religião dos imigrantes e o choque cultural que ela causa.
Não vou me estender mais, então coloco dois vídeos. Um stand-up onde o humorista fala sobre o assunto:


E uma música falando sobre os problemas na cidade de Hérouxville.


20 de novembro de 2012

Vídeo de um ano - atrasado

Olá a todos.
Uma passada rápida só pra publicar um vídeo que estava querendo finalizar pela época de um ano. Não deu, mas antes tarde que nunca.
Ele reúne algumas imagens mostrando a passagem das estações ao longo do ano.


Abraços
Marcos

14 de novembro de 2012

Trouver un emplois... Cadê a CLT?


Olá a todos.
Bom, é esperado que após o fim do curso de integração a procura por um emprego seja um passo certeiro. Comigo não foi exceção; uma semana antes do término eu já comecei a enviar meu CV.

Antes, deixa eu explicar um pouco o título da postagem: Cadê a CLT?
No Canadá os contratos de trabalho são muito diferentes do que conhecia no Brasil, em relação aos direitos e deveres trabalhistas. As normas que regem a relação de trabalho estão descritas na Comission des normes du travail, entretanto, em função de convenções coletivas de sindicatos elas podem variar (positivamente) um pouco. Usando as férias como um exemplo: enquanto no Brasil, via CLT, o funcionário poderia ter 30 dias de férias remuneradas, aqui são de 2 a 3 semanas, a depender do tempo de trabalho; mas pode variar bastante.

Começar a trabalhar no Québec é um exercício de paciência e atenção para conhecer as diferentes siglas e regras. Para a minha profissão, no atual hospital (sim, pode variar) existem as seguintes características:
1. Pagamento quinzenal;
2. Escala de trabalho quinzenal (dias e horários);
3. Valor de salário fixo baseado em horas trabalhadas, determinado por convenção coletiva.
4. Sindicalização obrigatória (sem escolha de qual sindicato). No caso dos enfermeiros que trabalham no sistema público, o principal sindicato é a FIQ (Fédération Interprofessionnelle de la santé du Québec).
5. Turnos de trabalho de 8 ou 12 horas. A maioria dos hospitais francófonos funciona nos turnos de 8 horas (nuit - 0:00h às 8h; jour- 8h às 16h; soir- 16h às 0:00). Eu começo no da noite, total novidade pra mim.
6. Rotação de jornada: os enfermeiros podem trabalhar em tempo completo (10 dias em 15 dias) ou tempo parcial (menos de 10 dias em 15 dias). Eu estranhei muito a primeira vez que ouvi: "eu trabalho sete quinzena"... Mas depois entendi a lógica.
7. Impostos variados!

Uma vez enviado o CV fui chamado para alguns processos seletivos. Nesse item nada muito diferente dos moldes brasileiros: entrevista, situações clínicas e perguntas gerais sobre personalidade e percurso na profissão. Fui aprovado e finalizei na semana passada a fase de orientação teórica num hospital próximo de casa. Recebemos algumas informações práticas sobre a organização dos serviços, dos protocolos e do sistema informatizado que utilizam para gerenciamento de certas informações sobre o paciente e laboratório; ainda não há prontuário eletrônico. O grupo de enfermeiros CEPIs contratados (foto acima) vem do Brasil (3), França, Madagascar, Cuba, Peru, Marrocos e Costa do Marfim.

Agora é momento de se adaptar ao novo ambiente e colegas e se preparar para a prova da Ordem em março. Agradeço aos vários comentários do post anterior com as boas energias pra esta fase.

Marcos

20 de outubro de 2012

Finalizando Curso de Equivalência para Enfermeiros


Olá a todos.

Uma ótima novidade: ontem conclui uma etapa importante da lista de exigências para a entrada em minha ordem profissional que foi a finalização do curso de integração para enfermeiros (do qual falei aqui ).
Ao longo de 7 meses tive uma revisão das principais disciplinas e práticas relacionados ao cotidiano da enfermagem no Québec. Os assuntos variaram desde as bases legais do exercício profissional, passando pela caracterização do sistema de saúde e indo até a etapa das experiências variadas nos estágios obrigatórios.

O curso de integração faz pensar mais profundamente algumas questões associadas à adaptação dos imigrantes ao mercado de trabalho e à sociedade quebequense como um todo. Não tenho pretensão de fazer um retrato fiel e aplicável aos demais profissionais que possuem suas respectivas ordens, mas no caso dos enfermeiros durante o curso, muitos se depararam com a situação aparentemente incoerente de "há enorme escassez de enfermeiros, mas a Ordem faz de tudo para complicar nossa possibilidade de trabalhar". Para entender esse pensamento ressalto três pontos importantes: em primeiro, a função da Ordem é de proteger o público (os pacientes) e para isso ela fiscaliza e orienta as ações dos enfermeiros para que sejam competentes e seguras, não importando se o profissional é formado no QC ou no exterior. Em segundo, a divisão de trabalho na enfermagem no QC é diferente do modelo que conhecemos no Brasil, no qual o enfermeiro tem funções assistenciais mais limitadas (em razão da enorme carga de trabalho administrativo e da supervisão do restante da equipe), e aqui o trabalho do enfermeiro é praticamente assistencial e os auxiliares de enfermagem fazem parte de uma outra Ordem. Em terceiro ponto vem o fato do grupo de enfermeiros imigrantes ser uma miscelânea de etnias, línguas e culturas profissionais. Por exemplo, há locais no planeta onde os enfermeiros só administram a medicação prescrita e nem mesmo tem o direito de se dirigir ao médicos pois é falta de respeito. Em outros, há imensa influência da religião no modo como cuidam dos pacientes. E de repente, todos se vêem juntos fazendo um curso de integração ao modelo quebequense (vale lembrar que cada província gerencia o sistema de saúde de modo independente) no qual o enfermeiro é um ser autônomo, crítico, igualitário ao médico e demais profissionais de saúde dentro da rede de serviços e tem uma enorme boa reputação perante o público em geral.

Esses elementos todos associados às bagagens pessoais e familiares dos alunos faziam com que as vezes algumas dificuldades nos estágios se traduzissem em pensamentos comuns a todos: imigrar e (re)começar não é fácil; tem que se ter muita força de vontade, e o principal deles "a Ordem dificulta demais a vida dos enfermeiros estrangeiros", o que eu particularmente discordo. E por quê?
Porque a função do curso de integração é apresentar o sistema de saúde do QC aos alunos, prepará-los para o exame da Ordem e colocá-los num patamar mínimo de integração profissional para que consigam trabalhar de modo autônomo e seguro após o término do curso. E é justamente em função desses objetivos não atingidos que os alunos reprovam do curso. Minha turma começou com 35 alunos e terminou com 19. As principais causas de reprovação remontam às dificuldades em demonstrar um bom raciocínio clínico e de oferecer uma assistência segura e livre de erros.

É inevitável a reflexão após o fim do curso sobre os pontos positivos e negativos:
Os vários pontos positivos: qualidade dos professores e organização do Cégep; dois hospitais de estágio com serviços variados; troca de experiências entre alunos de realidades distintas. Do ponto de vista pessoal,  consegui retornar ao ambiente hospitalar depois de alguns anos de trabalho em saúde pública de um modo menos "traumático" que imaginava e ainda gostei. rs
Os aspectos negativos: distância (relativa) do Cégep, cujas aulas e laboratórios se dividem entre os campi em Longueuil e Saint-Hubert; duração mais longa se comparado aos outros Cégeps e com maior carga horária de sala de aula, com cerca de 8h/dia. E o mais sofrido é quando pessoas queridas reprovam e perde-se a companhia delas.

Uma vez acabado o curso de integração começa:
a) Etapa dos envios de CV e entrevistas de emprego para CEPI (Candidate à l'exercice de la profission d'infirmier), que é uma permissão de enfermeiro com restrições, pois não pode atuar em alguns setores nem realizar algumas atividades mais complexas.
b) Estudar para a prova da Ordem no mês de março/2013, a qual uma vez aprovada, recebo minha permissão definitiva de enfermeiro.

Agradeço ao apoio e pensamentos positivos de amigos (reais e virtuais) ao longo do caminho e a enorme paciência do Jhon, e relembro que valeu a pena cada esforço!

Info sobre CEPI  e sobre a prova da Ordem.

Marcos.


14 de setembro de 2012

Fatos inusitados


Olá pessoas,

Da minha janela do trabalho eu consigo enxergar muito bem os pedestres, os carros, as manifestações... Enfim, tudo o que acontece na rua e tenta chamar minha atenção. Nesse tempo que trabalho lá (e sento no mesmo local) vi cenas inusitadas, mas nada como o que aconteceu no outro dia.

Um pombo que sobrevoava os bancos da praça “resolveu morrer sentado no banco”. Tal fato não deveria gerar nenhum tipo de lembrança na minha cabeça se não fossem os tais pedestres que passaram ao lado do “defunto”.

Primeiro uma mulher com um bebê de colo, sentou ao lado do pássaro e tentava fazê-lo levantar enquanto mexia, com a mesma mão, no seu filho. Ignorando completamente a quantidade de doenças que um simples pombo pode causar. Talvez ela tenha pensado que estando morto, as bactérias tenham morrido junto com ele...enfim...

Depois de algum tempo uma senhora sentou ao lado do bicho enquanto saboreava uma bebida , porém em um determinado momento ela jogou a bebida no corpo desfalecido da ave.

Mas o pior ainda estava por vir, dois desabrigados sentaram nas imediações do banco onde estava a ave e após alguns minutos resolveram ver do que se tratava aquilo.

Após  olharem com carinho para a ave e demonstrar que tirariam o bicho de cima do banco, um dos desabrigados pegou a ave e colocou na cabeça, o usando como um chapéu.
Inúmeras pessoas passavam pela cena e olhavam os dois sem fazer nada. Mas devido à essa cena e indignação das pessoas que trabalham comigo, ficamos um tempo consternados esperando pelos próximos acontecimentos e pudemos ver a quantidade de pessoas que paravam para conversar com os dois. Não pareciam estar falando sobre o novo chapéu de um deles, mas sobre o fato deles estarem na rua e tentarem entender os motivos. Diversos homens engravatados paravam e sentavam ao lado dos dois para ouvir suas histórias e a conversa seguia sempre animada.

O pássaro continuou na cabeça do homem até que chegou uma garota de colete vermelho para lhe retirar daquele local. Ele lhe entregou suas sacolas e a seguiu sem reclamar enquanto se despedia dos seus amigos de colarinho branco que estavam sentados ao seu lado.

Depois me avisaram que a garota de colete vermelho era uma voluntária de um centro de apoio aos desabrigados do bairro em que trabalho.  O que acontece é que eles não podem ser obrigados à irem aos centros comunitários (o que eu concordo plenamente), então todas as pessoas que sentavam e batiam papo eram trabalhadores dos prédios vizinhos (e do prédio que trabalho) que tentavam os convencer de que o abrigo era um bom lugar para estar. Após o aceite, eles ligaram para os voluntários que foram lá para os acompanharem.

Adorei interessante poder acompanhar esses acontecimentos.

Ah! E antes de ouvir gracinhas, apesar de termos acompanhado tudo isso, nós trabalhamos bastante por lá, ok?

Abraços

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