15 de junho de 2010

Há muito tempo que te amo...


Não costumo assistir filmes Quebequenses, se me recordo direito o último foi o J'ai tué ma mére
que não é um filme que eu recomende. Talvez possa não ter entendido direito, mas achei o filme um pouco perdido. Só que também não sou muito fã dos filmes Franceses ( por outro lado o Marcos adora), acho que os filmes terminam sem fim, embora entenda que diferente dos filmes "americanos" que possuem aquela irreal evolução do personagem que inevitavelmente aprende alguma coisa com o decorrer do filme (bem surreal), os filmes franceses são uma "amostra" da vida dos personagens que podem, assim como o mundo real, não aprender ou o aprendizado ser meramente subjetivo e não tão pragmático.




Olha, falei tudo isso para dizer que, por todos esses motivos, para eu recomendar algum filme francês ele teria que satisfazer diferentes exigências muitas vezes irreais. rss Porém hoje vou falar de um filme que eu gostei bastante, mesmo não sendo novo.

O filme se chama Il y a longtemps que je t'aime, filme francês que conta a história de uma mulher saída do presídio que vai morar com a família da irmã. O crime e o motivo do crime são mistérios que permeiam o filme todo, desencadeando problemas para a protagonista. Mas o legal do filme é que ele fala fortemente sobre o sentimento de estar preso, enclausurado, não só pelas paredes de um presídio. As personagens interagem e transmitem o sentimento de solidão e enclausura mesmo estando em ambientes abertos ou no meio de entes queridos.
Tem a personagem principal Juliette que, por diversos motivos, está presa, não pelos muros do presídio que se encontrava, mas pelos traumas da vida e do crime que cometeu. Mesmo após sair da prisão ela continua presa, presa pelo passado, presa pela culpa, e pior, presa por saber que não existiria ninguém que pudesse lhe ajudar. Enquanto estava no presídio ela era chamada de "ausente" por estar presa dentro do trauma e não pela muralha de concreto.
Tem a mãe, presa na casa de repouso, presa pela doença, presa pelo passado que também lhe cobra pagamento. Por isso que a única pessoa que ela se lembra é a própria Juliette, quem ela tentou esquecer.
Tem a irmã, que está presa em arrependimentos, condenada a andar em círculos não querendo pensar na possibilidade de Juliette ser uma criminosa cruel e calculista. E por isso, prefere não ouvir outros falarem da possível não transformação do criminoso quando sai do presídio. É muito forte a cena em que ela mostra que apesar da tentativa de todos, ela não quis esquecer a irmã, escrevendo toda manhã o nome "Juliette" em seu diário, demonstrando que ela ainda está presa no trauma que isso lhe causou.
Tem o policial, preso nas angustias da vida, que assim que conhece Juliette tenta conversar e arranjar um ouvinte para seus problemas. Ele vê na viagem para o rio Oritoco (acho que era esse o nome), como a libertação dos problemas e traumas. Mesmo assim ele ainda faz o último pedido de socorro perguntando para Juliette algo que ela interpretou como uma possível cantada e ignorou. Muito provavelmente era uma cantada rs, mas a tentativa de dar um sentido pra vida com o amor é válida quando estamos presos em um cubículo sem saída.
Temos o professor, também preso. Mas preso em um passado que não deu certo, preso pelos muros do presídio em que trabalhou, na constatação de que não é tão diferente dos criminosos, fazendo-o inclusive abandonar a mulher que amava.
As personagens interagem traçando linhas limítrofes de segurança, sinalizando pedidos de ajuda que são ignorados pela personagem principal que enquanto não verbaliza seu pecado não consegue deixar de ser a "Juliette Ausente".

É um filme que mais uma vez anda por terreno depressivo, pois a falta de saídas dos problemas vivida pelos personagens é uma grande característica da depressão. Juliette somente consegue dar um passo para a liberdade após ver a morte na sua frente.
Porém isso tudo não deixa o filme ficar denso, o que me faz recomendar todos que queiram relaxar em uma tarde contemplativa.



AH! E o título do filme, embora tenha seus significados dentro do filme, é também título da música tema que é uma das músicas tema do Québec e da Nouvelle France.



 

3 comentários:

Obrigada pela visita em nosso blog!
Passaremos a acompanhá-los tbém!
Ainda não vimos todos os episódios de Aveux e dos que vimos ainda tem muita coisa que não entendemos, por isto estamos indo com calma, mas o que vimos até o momento temos gostado muito!
Abraços,

Taís e Alfredo.

Eu confesso que nao tenho muito saquinho pra filme quebeco nao, até tentei, mas é dificil...E os que fico louca paa ver saem rapido de cartaz e nas locadoras somem...E como minha paciencia é tem indice negativo, acabo deixando pra lá!

Ah, o chinelo era havaiana de pau, hahahaha!
abraços
Erika

Oi Jhon!
Assistimos esse filme ano passado durante um festival de cinema que acontece todos os anos aqui no Rio.
Confesso que, à época, o critério para seleção foi: "precisamos acostumar nossos ouvidos ao idioma", e, assim, fizemos uma listinha de filmes franceses, sem nos preocupar com o conteúdo.
Apesar de termos visto vários filmes chatos, esse foi uma grata surpresa!!
Recomento também!!
Beijos,
Zuzu.

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